segunda-feira, 29 de junho de 2009

O CAVALEIRO BRANCO II

Ela parou de subir o lance de escadas, virou-se e olhou profundamente nos olhos, sua saia xadrez balançava maliciosamente com o vento que ecoava pela vidraça do corredor, ela sabia do seu poder de sedução, mas o encarava inocentemente. Ele lhe lançou um olhar maroto, e ela ruborizada percebeu que a sua saia, mostrara demais as suas pernas torneadas. Seu olhar e o sorriso de canto, a deixava loca, não sabia exatamente o que era paixão, segurou-se no peitoril da escada, quando um calor morno invadiu seu peito. Será que era isso o que significava? Afinal era o garoto mais bonito da escola, o capitão do time de futebol, e todas as meninas o adoravam.
-Até logo! Disse numa voz rouca, que lhe lembrava os filmes românticos que assistia na madrugada. Vejo-te mais tarde!
-Até logo, Ron... Foi o que pode dizer.
E ele saiu sibilando uma canção que ela não pode entender o que era.
Virou-se e subiu correndo as escadas, com um sorriso que não podia conter dentro de si.
-Ele está afim de você! Disse cantarolando, sua amiga Cate, a menina de sardas na cara.
-Está mesmo! Reafirmou Ane.
Entraram na sala com risinhos abafados, mediante aos olhares inquisidores do professor de história.
Certa vez fora apaixonada por esse professor, ele era típico um historiador, vestia as calças esporte fino, sempre com os sapatos lustrados, blusões com camisas xadrezes por debaixo, e nos dias de temperaturas baixas, enrolava-se também em charmosos cachecóis, onde escondia as pontas por dentro. Ela não faltava em nenhuma das aulas e suspirava quando ele ia entregar os trabalhos com notas altas e a elogiava.
Depois desse dia, os encontros na beira da escada entre Clara e Ron, eram incessantes, ele era um ano mais velho, estando cursando o primeiro ano, e ela no oitavo. Ela constantemente ia ao campo de futebol vê-lo jogar, até o dia em que ele marcou um gol e dedicou para ela, no final daquela tarde, ele com pegando em sua mão e olhando diretamente para ele, lhe deu um beijo.
Fora o seu primeiro não um beijo como o de novela, foi apenas um roçar de lábios temerosos, mas ao mesmo tempo, com uma ânsia juvenil controlada, foram em silêncio, até na sua casa, e na hora da despedida ele fez um gesto com a mão, em sinal de positivo, e passou de cima para baixo em seu rosto, dando o seu sorriso de canto de boca, que ainda muitos anos depois a deixavam louca.
No banho, ria e cantarolava baixinho, passando os dedos levemente sobre os lábios ainda rosados, do rubor que ocorrerá a pouco, naquela noite não comeu, rolou na cama, até um sonho com um cavaleiro branco a entorpecer.
Mas essa felicidade durou pouco.
Pouco demais para uma adolescente cheia de planos....

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