sábado, 14 de maio de 2011

Dói


Ouço seus passos firmes e fortes. Mas agora onde estarão eles? Se nem o rugido das tábuas soltas, não se ouve mais. Não se ouve mais aquela voz firme, mas sim a voz de medo de que a deixemos sozinha ou que estamos a enganando, com os desatinos de uma doença que prega peças terríveis em sua cabeça, memórias que vão aos poucos sendo apagadas, ou que de repente somem e a deixam sozinha sem ponto de referencia de lugar nenhum.  

O coração bate, mas e as lembranças, saudades, a história de sua vida, onde estarão elas? Memórias que jamais serão resgatadas? Memórias perdidas e doídas como lanças de facas no vazio e desvarios de uma doença que há tantos nos assustam, mas que não queríamos que chegasse...

Chegou tão depressa, mas há tempos ouvimos o seu sinal, mas como um trem que sentimos a sua fumaça de longe e que não queremos nunca ir ao seu encontro, assim a tratamos. Mas enfim ela chegou e bateu a nossa porta. Nossos corações apertados tentam resgatar as forças a esperança de que nada de mais seja, porém temos a clareza, de que o caminho será longo...

Pedimos a Deus então a força para que não desanimasse, pois o tempo passou agora as coisas se tornarão mais difíceis, e que a nossa Vozinha, da qual tantas vezes seguramos a sua mão e sentimos ali uma presença forte, da qual pedíamos conselhos, refugiamos em seu colo quando nos sentíamos acuados, pedindo a sua proteção e acalento... 

Hoje nos deixa claro que os papéis se inverteram... 

Hoje somos nós que temos que a entender, ouvir, calar, sorrir, acarinhar, segurar sobre nosso colo, 

e amar ainda mais e mais...

2 comentários:

silvioafonso disse...

.

Interessante isso tudo.
Eu tenho doces lembranças do
meu tempo de criança, não por
ter estudade pela manhã e
brincado a tarde ou vice-versa
durante grande parte da minha
vida, mas por ter nas minhas
férias escolar a minha avó.
Ela morava muito longe de
nossa casa, no interior do
Estado e só nas férias
tínhamos condição e tempo para
vê-la.
Vovó era imigrande da Suíça e
com o seu marido, meu avô,
formavam os melhores avós do
mundo. Quarenta netos eles
tiveram, mas sem cuidado ou
receio diziam que eu era
o neto que mais prezavam.
Eu tive nesses avós o suporte
que todo neto sonha e quer;
minha avó era amorosa, tipo
esconder o neto para os pais
não punirem por suas
traquinagens. Infelizmente
eles se foram. Partiram do
mesmo jeito que chegaram;
de repente, lúcidos e sem
sofrimento aparente. O câncer
matou os dois sem dó, nem
piedade.
Foram embora, como eu disse, mas
deixaram essa saudade que dói
e não tem remédio e essa certeza
de que, por mais que eu queira
e tente, jamais serei alguém tão
próximo de sua doçura.

silvioafonso




,

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Vim convidar voce pra ler o texto do
silvioafonso do blog Palhaço Poeta,
aqui nesse endereço,
passa la depois:
http://reflexosespelhandoespalhandoamigos.blogspot.com/2011/05/de-volta-casa-parte-iii.html

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