quarta-feira, 21 de setembro de 2011

11 de setembro


Muito se falou em 11 de setembro nos últimos dias, especialmente em um fim de semana desses, como naquele dia, um dia qualquer onde ninguém imaginava que algo terrível acontecesse.
Confiança? Nunca mais e ouvir falar naquele país.
Tolerância? Perdeu-se entre os corpos e escombros.
Vidas? Muitas e muitas, ceifadas em Nova York e Afeganistão, no Iraque.
Liberdade? Um dos maiores bens que as sociedades foram adquirindo, perdeu-se totalmente, a noção de liberdade dos indivíduos, já não se tem mais.
Paranóia? A América ganhou, estreladas em cada canto, um elemento constante.
Imagem? Fica agora depois de tantos anos, a imagem patética de Bush numa escola infantil recebendo a notícia.
Som? Ficam as vozes, nas caixas pretas, de heróis dentro de aviões tentando evitar o pior.
Voz? As várias ligações de pais, mães e filhos, na despedida final.
Força? Existe em cada família que teve que se reestruturar.
Mártires? Bombeiros que subiram os degraus sem ter ideia do que viria pela frente, mas perderam e salvaram vidas.
Ficção? As leituras da mídia que ainda estão por vir, após cicatrizarem as feridas, minutos a minutos serão retratados.
Tempo? Mudanças de hábitos, ou tomadas de decisões em segundos que fizeram a diferença.
Loucura? Seqüestradores que passaram meses e meses planejando.
Lembrança? Inúmeras, por toda a vida.
O que faz a data tão marcante? Os vários desdobramentos que ela tem: o lamento dos filhos e pais; heróis anônimos; pessoas que caíam pela janela. A história de sobreviventes, que por segundos não subiram os degraus, ou que foram arrastados por mãos abençoadas para fora, que mesmo com corpos ensangüentados não sucumbiram ao desespero e a dor e estão vivos, os que não morrerem mesmo quando todo o prédio veio abaixo. 

Para finalizar esse texto, sem concluir nada, quero apenas expressar uma constatação: “só se acabarão os gritos, dores, lamentações, quando resgatarmos novamente os valores esquecidos.”

sábado, 17 de setembro de 2011

Trecos


Trecos,
Trecos. Devemos chamar assim nossas embalagens que vem nos supermercados, talvez a loucura já tenha começado com as fitas. Essa foi a invenção da “roda”, os pacotes vinham cada vez mais embrulhados e coloridos, deleite para os olhos e alegria de nossos paladares. Mas a partir daí facas cada vez mais afiadas tiveram que entrar em ação e com tal precisão cirúrgica que tivemos que aprender de novo a coordenação motora fina, abandonada pelas escolas há alguns anos. Fora aquelas que só esticam, esticam... e nunca se rasgam. Talvez os últimos precisem de machadinhas e facões.
Então passamos das caixas de cereais, pacotes de salgadinhos, agora até algumas marcas de bombons estão complicando, quando antes você segurava nas extremidades e via o desenrolar desconcertante de um belo bombom, agora vem tal lacrado, tão unido as extremidades de sua embalagem que só o que vimos é  água na boca escorrendo.
E remédio então, esse nem se fala, há a conta gotas onde você fica horas e horas esperando as gotinhas caírem, mas elas insistem em ficarem dentro dele, esses dias até agulha introduzi no frasco para facilitar o seu uso. Com o passar do tempo eles foram ficando cada vez mais resistentes, imperceptível aos nossos olhos, tudo para evitar que crianças abrissem, mas talvez só eles tenham paciência par desvendar seus mistérios.
Há... mas também tem as instruções, mas são tantas as informações , que elas vem em minúsculas letras. 
E os pacotinhos de “rasguem aqui”, na verdade eles nunca rasgam, ou rasgam demais provocando um enorme desperdício do seu conteúdo, pois eles vem reforçados justamente no lugar de abrir.
As vezes as tampas, vem acompanhada de um exercício de aeróbica dos dedos, aperte no centro e gire, depois gire ao contrario para o sentido anti horário, depois volte,... Nenhum exercício aeróbico será necessariamente suficiente para revelar o seu conteúdo.
Talvez seja lei do capital, do consumismo exacerbado, ou ficamos medíocres, mas a verdade que essa relação de compra e venda, produzem e produzem cada vez mais produtos, e não nos deixam usá-los.
Seja pacotes de salgadinhos, caixas de leite, caixas de cereais, e muitos e muitos produtos, são potentes demais para seres humanos, maravilhosos demais em suas embalagens e cores gritantes, que simplesmente se tornam trecos obsoletos.  

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