domingo, 8 de fevereiro de 2009

opostos

Convivi com dois opostos essa semana, duas pontas de um iceberg, a ponta lá de cima, onde é menor, onde tem a minoria, e a base, onde a maioria se espreme.
Há crianças, onde os pais compram o melhor para seus filhos, onde o estudo ainda é o mais importante, onde se é gasto mais de um salário mínimo para comprar todos os itens da lista de material, onde os cadernos são de capas duras do personagem predileto, onde os lápis é daqueles emborrachados, para não escorregar da mão da criança, onde os lápis de cor, são de três maneiras diferentes, três caixas igualmente caras entre si, sem contar dos guardanapos, copos, colheres descartáveis, papeis e mais papeis coloridos, tintas e mais tintas, adesivos, fitas para todas as ocasiões, e mais e mais e mais...
Mas há aqueles pais, onde o estudo deixou de ser tão importante, mais importante é saciar o ronco da sua barriga e a de seus filhos, o que lhes causa muita dor, ver os seus olhinhos caídos, e o corpo oscilante pela fome. Há pais em que o valor de um salário mínimo é visto só em sonhos, há pais em que a madrugada é mais uma hora de ir à luta, de tentar, há pais em que mandam os filhos para a escola onde pelo menos lá, ele terá uma refeição garantida...
Os primeiros nem sabem o que é isso, talvez escutem a palavra pobreza, e a achem mais uma palavra estranha do vocabulário de um adulto, onde o mais relevante, é mostrar que sabe dominar o jogo eletrônico mais novo, onde a vida é cheia de caricias, ternura e afeto, onde se conhece o mundo através de viagens ou a internet, onde as roupas são de grife...
Os últimos, também não sabem o que é pobreza, nunca chegaram à outra ponta do iceberg, para haver possíveis comparações, onde o jogo predileto é o jogo da sobrevivência, onde o afeto, a ternura, a caricia, não entram no seu dia a dia, confunde-se muito com o dia em que os pais, se é que esses ainda fazem parte da família, trazem cheios de alegria uma bala para cada um no natal...
Vejam o discurso de uma criança, em que não teve escolha:
Profª: ¬-Você não vai entrar para a sala?
Criança: - Eu!!!
Profª: ¬-Sim, as aulas já se iniciaram!
Criança: - Professora, como poderei entrar na sala de aula desse tipo? _Ia falando e mostrando o seu pequeno corpo_ Eu não tenho um calçado para por nesses pés! Nem tenho uma camisa, pois a minha ficou muito pequena, _ A criança em questão, estava só com um pequeno calção, que parecia mais um trapo, descalço os pés grossos, onde há muito não se via um calçado..._ E olha só estou todo sujo...
A criança prosseguia:
- E alias não tenho nem um toquinho de lápis assim ó... _Fez um gesto com a mão, para mostrar um tamanho diminutivo_ Minha mãe não tem dinheiro não, para comprar...
Depois desse pequeno discurso, não há mais nada o que se comentar! Só há o que se indignar!

Um comentário:

M.Maria M. Coutinho disse...

è isso...isso é assim! eu choro!

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