Passava os dedos roliços, sim, roliços, pois era de estatura baixa, crescendo achatada para os lados e os braços sobre erguidos ao longo do corpo, procurando o álcool anunciado no jornal, _ Aquele de 70%!_ proferia em monossílabos.
Apercebeu-se então de que não poderia por a mão na boca, numa tentativa de ajudar o pensamento, a fechou rapidamente em punho para forçá-la a não ir sozinha, _Ao olho nem na boca, antes de passar o álcool, mas cadê o álcool com gel?_ perguntava-se rapidamente.
Ela procurava e procurava, e arrastava o seu carrinho ruidoso, com as compras. Era no inicio do mês, certeza de que ali jazia a metade da sua aposentadoria, a metade ainda não, faltava o álcool!
A velhinha me olhou de soslaio, _ É que eu estou com medo! Superei a gripe espanhola! Essa, eu já não agüento...
Bem se via que aquela, da qual o tempo já a demarcara incansavelmente, era remanescente do século anterior.
Ela então pergunta ao receptor do mercado, e ele já de mau agouro, pois já devia ter respondido quantas vezes quanto à velhinha tinha de idade, disse que o álcool com gel se acabará.
Ela então deixou cair os ombros pesadamente enquanto exalava um grande suspiro.
Numa tentativa desesperada, apegou-se a um pano amarelo, desses que donas de casas cuidadosas utilizam diariamente para espantar o pó, olhou para os lados e disse:_Com esse lenço, gripe nenhuma passa! Sufocando-o ao nariz, terminou: _Eu sou é muito esperta! Enquanto isso o moço que a atendeu minutos antes espirrou!
4 comentários:
Obrigada pela visita e pelo elogio!
Sinta-se à vontade!
Obrigada amiga!!!
O seu tbm...nota 10!
Bjs
....
à maneira de um conto. Gostei!
Obrigado pela visita.
Um abraço
Muito Bom. Você tem ideias maravilhosas e escreve muito bem.
Postar um comentário