terça-feira, 11 de agosto de 2009

Presente do dia dos pais!

Estava ele, parado numa esquina movimentada, os carros iam e vinham num fluxo desordenado, como se todos corressem em direções diferentes no encontro de uma coisa só. Pedestres só eram controlados, pelas cores incansáveis dos semáforos.
Com o olhar atônito, e a boca entreaberta, ele tentava tomar o caminho correto, como se ele de repente fugisse da sua mente.
O corpo, ainda pequeno, a pele lívida de um suor que teimava em cair, e a respiração em saltos, agarra a mão do primeiro que aparece e pede para que o ajude a atravessar a rua.
Ao chegar ao outro lado, entra em transe, olha em todas as direções, rodopia num pé só, mas não ousa sair do lugar.
Até que ao longe, como uma pipa que alcança um vôo proeminente, ele deslumbra para a sua alegria o pé de jabuticaba, que há anos encobre a faceta da casa, alça vôo, ou melhor, corre na sua direção, abaixa a cabeça, curva o tronco, colocava as mãos para trás, ops!, mais com cuidado, o embrulho pode amassar.
Seu rosto transfigura a alegria pueril!
Chega enfim ao portão da casa, era como se fosse à redenção, como se fosse um passarinho em seu primeiro balburdio fora da gaiola.
Entra. Fecha o portão. Respira. Respira. Respira. Houve os sons familiares. Houve novamente e percebe que eles estão mais altos do que de costume.
Sente um sorriso desabrochar em seu rosto.
Entra e leva uma enxurrada de perguntas. Dedos inquisidores apontam em sua direção. Olhares de censura o cobria. Chinelos e cintas brandiam para o seu lado.
Entremeia-se entre eles e alcança o seu objetivo final.
-Para você PAPAI! Entrega o embrulho já amassado pela correria, para o pai, que depois de um derrame, jaz no sofá da sala, apenas movendo um lado do corpo. Ele com um sorriso de canto na boca, e lagrimas incandescente jorrando de seus olhos, o abraça, num abraço desajeitado.
O menino levanta o rosto, para encarar a onda de censuras que estavam por vir. Mas sente um silencio sacro pela casa.
Todos agora suspiram, com os olhares marejados de água, olhando o feliz DIA dos PAIS, dos quais ainda não tinham se dado conta.

Um comentário:

ELAINE MEXKO disse...

Obrigada pela visita. Estou retribuindo. Bjs

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