quinta-feira, 24 de julho de 2008

O terminal

Querem conhecer um pouco sobre o ser humano, e o seu comportamento? Vão a um terminal rodoviário. Lá acontecem muitas coisas extraordinárias, melhores que novela.
Um dia desses, estava um casal. Um casal tipicamente normal, nada de diferente dos demais usuários do transporte coletivo ali presentes.
Estavam sentados, esperando a sua lotação. O homem cochichava algo no ouvido da mulher e essa respondia apenas com grunhidos e suspiros, entre um sorriso e outro.
Ele estava vestido com uma camisa estampada, bem estampada, com as mangas dobradas na altura do cotovelo, com os botões da frente abertos, deixando a mostra o seu tórax cabeludo. Seu rosto era marcado por umas rugas salientes e seu cabelo eram bem ralos, demonstrando certa idade. Mas a sua expressão era tipicamente a de um adolescente quando vê uma garota bonita.
Ela estava muito contente, no seu vestido de chita, calçando uma sandália com meias, compunha o seu visual também, um montante exageradamente de jóias, que de longe pareciam de pedras britadas. Seu sorriso era visto de longe, pois seus lábios estavam cobertos por um batom de um vermelho vivo, e a cada passo balançava a sua cabeleira, e deixava a mostra os seus brincos de argola, de um amarelo forte.
Nada estragaria a felicidade desse casal, a não ser a esposa do homem, que desceu de uma das lotações.
A mulher assim que os avistou, foi em direção ao casal, com passos largos, abrindo caminho entre as pessoas, soltava tudo o que tinha na mão, nos pés das pessoas.
O homem quando viu a mulher, sua expressão passou de menino apaixonado para um garoto prestes a levar uma surra do pai.
E foi o que aconteceu, a mulher, cerrou o punho, fechou a mão, e começou a bater no homem, no qual se limitava a se defender, e a mulher do vestido de chita começou num pranto dolorido.
Quando a respiração da esposa começou a fraquejar e suas mãos certamente começaram a doer, foi parando de bater, e começou a falar palavrões, muitos palavrões, sobre os olhares atônitos dos espectadores.
Gente o melhor lugar para aprender palavras novas, é nas aglomerações de pessoas. Palavrões é uma forma coloquial em que você possa expressar tudo o que sente e ser entendido por todos. E nesse dia eu aprendi um monte.
Quando o ônibus da esposa chegou, (o meu chegou logo atrás), ela viu que não tinha mais tempo, e partiu para cima da mulher com o vestido de chita, literalmente ela “montou” em cima da mulher, e agarrando seus cabelos, jogava a cabeça da mulher para um lado e para o outro. Para o nosso azar, e sorte da mulher, alguém foi e separou.
A expressão da esposa dentro da lotação, parecia a de um animal, com o rosto vermelho, salivante, respiração arquejante, cabelos desgrenhados, e jogando um olhar fulminante para as suas presas, digo, casal.
E eu? Eu quase perdi a minha lotação. Fiquei frustrada, não houve crime, pois havia sido apenas uma briguinha, e eu não ia aparecer no programa do Batatinha.

Cada coisa né, Nona?
A Nona acha que o mundo ta mesmo acabando, depois de ouvir essas historias.

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